Bacteria pode gerar eletricidade

Os esporos respondem à umidade e seu movimento pode ser usado na criação de energia elétrica.

Henrietta Lacks, imortalizada pela ciencia

Henrietta teve suas células guardadas nos anos 50. Hoje conhecidas como HeLa, são usadas em larga escala para pesquisas científicas.

Eduardo Kac (1962)

O artista carioca é pioneiro em arte com organismos vivos e/ou transgênicos. A imagem é a da coelha Alba, que brilha no escuro porque contém em seu DNA o gene que expressa a GFP.

sábado, 26 de outubro de 2013

Henrietta: uma mulher imortalizada pela ciencia


As células HeLa são amplamente utilizadas em pesquisas científicas desde os anos 50; somente em 2013 os herdeiros Lacks ganham o direito sobre os dados genéticos de sua própria família

Um breve histórico

Henrietta Lacks tinha apenas 31 anos quando sofreu de um grave câncer cervical. Os médicos do hospital Johns Hopkins, localizado em Baltimore nos Estados Unidos, retiraram uma amostra do tecido de Lacks e enviaram ao pesquisador George Gey. George estava tentando cultivar tecidos humanos, sem êxito. Ao se deparar com as células de Henrietta, chamadas posteriormente de HeLa (pronuncia-se “ri-la”), ele notou que elas tinham um ótimo crescimento e se duplicavam a cada 24 horas. Henrietta, no entanto, não consentiu em participar de tais experimentos.

A história ficou conhecida mundialmente através do livro publicado por Rebecca Skloot em 2010, “A vida imortal de Henrietta Lacks”. A escritora relata o drama vivido pelos herdeiros de Henrietta, que são de origem humilde e nunca tiveram acesso aos lucros obtidos com as vendas de HeLa. E este livro foi decisivo para as discussões mundiais sobre a ética no uso de células humanas em pesquisas.

Em 2013, a publicação do artigo contendo informações sobre o genoma das células HeLa gerou um clima de revolta entre pesquisadores e a família Lacks. Os herdeiros ficaram preocupados com o tipo de informação que o estudo iria revelar sobre o histórico de doenças que eles poderiam ter.

Após alguns meses de discussão, o National Institutes of Health (NIH) fez um acordo com os Lacks. Este acordo prevê que o acesso à sequência completa do genoma das células HeLa seja controlado e confere à família o poder de mapear os trabalhos que estiverem sendo feitos sobre o assunto. Assim, o pesquisador que precisar do banco de dados deverá pedir autorização para o NIH e para os herdeiros de Henrietta. A família, no entanto, continua a não receber nenhum lucro sobre as vendas de HeLa.

A pesquisa científica e as regulamentações

            O aumento no número de pesquisas com o DNA humano impulsionou as discussões éticas sobre a utilização dos dados genéticos obtidos. A história de Henrietta tem sido de grande importância para a regulamentação deste segmento de pesquisa, inclusive no Brasil. O nosso país conta hoje com três grandes órgãos que regulam as pesquisas científicas envolvendo seres humanos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a resolução nº 9 em 2011, que contém regras para o funcionamento dos Centros de Tecnologia Celular (CTC). Estes Centros são responsáveis pelo fornecimento de células humanas e seus derivados para pesquisa clínica e terapia.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) presta auxílio técnico desde 2005 para as regulamentações envolvendo a segurança na manipulação de organismos geneticamente modificados, conhecidos também pela sigla OGM.

O pesquisador da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas (FCA - Unicamp), Fernando Simabuco, explica um pouco sobre as regras do Manual de Biossegurança:

“A linhagem [celular] é classificada com um nível de biossegurança de acordo com o risco da modificação genética. O descarte também depende dessa classificação. Linhagens celulares sem modificações genéticas são descartadas em hipoclorito 10%.”

No caso de linhagens celulares de nível de biossegurança 2 (contém patógenos que oferecem risco moderado para a comunidade), Fernando aponta que elas devem ser descontaminadas com hipoclorito e autoclavadas antes do descarte.

Por fim, o Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) avalia os aspectos éticos nas pesquisas que envolvem seres humanos. A resolução 466 ,publicada em dezembro de 2012, prevê ações que asseguram a confidencialidade e a privacidade dos participantes da pesquisa. Este documento teve como uma de suas bases a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos.

Conheça a HeLa!

As células HeLa têm sido amplamente utilizadas em pesquisas científicas nos últimos 50 anos. Jonas Salk pode desenvolver a vacina da pólio com células HeLa. Ela esteve presente também em pesquisas sobre câncer, efeitos da radiação e substâncias tóxicas, AIDS, e mapeamento genético.

a) células HeLa coradas pela técnica de imunofluorescência, vistas em um microscópio de fluorescência. Em verde está uma proteína do citoplasma da célula e, em azul, o núcleo. Fonte: Germanna Righetto, Laboratório Nacional de Biociências (LNBio).
b) células HeLa vistas através de um microscópio óptico. Fonte: Germanna Righetto, Laboratório Nacional de Biociências (LNBio).

A doutoranda em proteômica pela Unicamp, Annelize Aragão, conta que elas foram a primeira de uma linhagem de células chamadas imortais. As células imortais são aquelas capazes de se manter em constante divisão. Isso acontece devido a técnicas de engenharia genética que alteram o processo de morte celular. As células imortais tem origem nas linhagens primárias, que são retiradas diretamente de um paciente ou doador.

Para adquirir um frasco de HeLa, é possível comprá-lo através de sites como o ATCC por cerca de U$400, pegar uma amostra emprestada de um colega pesquisador ou buscá-lo em um banco de células. O biólogo e curador do Banco de Células do Rio de Janeiro, Antônio Monteiro, explica um pouco sobre este centro:

“O Banco de Células do Rio de Janeiro é a única coleção de células humanas e animais prestadora de serviço do Brasil e é a maior da América do Sul, não só em acervo mas também na prestação de serviços. Temos cerca de 400 células, sendo que aproximadamente 30% são de origem humana. O custo do serviço prestado de descongelamento e manutenção das células é de 840 reais.”

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O início do #blogciencia

Diante de algumas limitações de tempo que tenho enfrentado nos últimos meses – e que tem feito as postagens aqui do Polimerase diminuírem drasticamente -, queria saber se os veteranos tinham alguma estratégia para blogar mais regularmente.

E foi com essa pergunta que se originou uma grande discussão entre os blogueiros de ciência no Brasil, que aconteceu mais fervorosamente durante a primeira semana de outubro.

Listei os principais motivos levantados para a redução em massa de postagens através dos comentários via Facebook, tweets e blogs.

1) falta de tempo, devido à realização de atividades profissionais em paralelo;
2) a não remuneração, que leva os autores a darem prioridade a atividades que deem algum retorno financeiro;
3) o modelo de blogs que seguem o ritmo de publicação da grande mídia, republicando notícias que já foram dadas ou acrescentando pouco ao que já se sabia;
4) desestímulo gerado a partir do leitor, que não se posiciona criticamente acerca dos textos publicados e, muitas vezes, se interessa essencialmente por ciência sensacionalista,
5) o desinteresse pela leitura aliado ao surgimento de novas mídias e redes sociais.

Considerações

A reportagem da Pesquisa Fapesp Conexão digital apresenta um panorama da situação dos blogueiros no Brasil e no mundo. Eles citam a existência de cerca de 210 blogs brasileiros que falam sobre ciência. Essa estimativa foi feita principalmente através do cruzamento entre dados do Google e do site Anel de Blogs Científicos. Dentre esses blogs, nota-se uma queda no ritmo de postagens, como já citado pelo Roberto Takata, mas também ressalto que alguns deles parecem ter sido simplesmente abandonados pelo seu autor.

Como uma nova tentativa de reunir as postagens em ciência, Rubens Pazza criou o Bolsão de Blogs (ainda em fase de testes!). A ideia surgiu através das discussões que aconteceram no início de outubro através da #blogciencia. Deixo um agradecimento também ao Filipe Saraiva por ter sugerido a criação de um planet que reunisse todas as postagens sobre o tema.

Vejo este como um resultado importante para os autores e leitores de ciência no Brasil. A concentração das postagens em um feed facilita a visualização do que está sendo discutido pelos autores e tamb´m a escolha de um tema para leitura. Ainda estamos longe de ter um coletivo de blogs como o SciAm, mas os esforços de anos dos blogueiros do Science Blogs Brasil e as novidades trazidas pelo Bolsão de Blogs nos trazem uma boa dose de otimismo.

Sendo assim, não acredito que o Science Blogs tenha inibido a proliferação de novos blogs de ciência no Brasil, como estava pensando inicialmente o Carlos Hotta. Enxergo nos coletivos uma oportunidade para conhecer pessoas que gostem dos mesmos assuntos e que tenham motivações em comum (em blogar sobre ciência, por que não?). Assim, creio que o Science Blogs teve muito a acrescentar nas publicações independentes sobre ciência no Brasil.

Sobre as mídias sociais, elas estão aí para enriquecer as discussões publicadas nos blogs. O Facebook e Twitter foram essenciais para que pudéssemos nos comunicar durante as conversas sobre o #blogciencia. E podem continuar sendo úteis para as ideias que estão por vir!

Por fim, mas não menos importantes, estão os trabalhos de divulgação científica com podcasts (como o do Dragões de Garagem e Rock com Ciência), vídeos (Manual do Mundo e Além da Bio) e até mesmo piadas (Piadas Nerds). Acredito que esses divulgadores tenham ótimas ferramentas em mãos para atingir um público maior – e que talvez nunca tenha se interessado em ler os blogs.

Aos que ainda se interessam, continuo a minha jornada. Vou escrevendo, até que eu aprenda a fazer uma animação ou figura no paint!

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Seguem os links de todo mundo que contribuiu com a sua opinião <3

Há uma crise nos blogs brazucas de ciência?














Updeite em 12/12/2012 --> Essa semana comecei a fuçar no Storify e tentei agregar os principais links e tweets que rolaram durante a discussão!
http://storify.com/marifiora/blogciencia